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23 de Abril de 2024

Reforma trabalhista é injusta e inconstitucional, afirma Anamatra

há 7 anos

Reforma trabalhista injusta e inconstitucional afirma Anamatra

Em audiência pública no Senado, presidente da Anamatra defende que é preciso reconhecer e retirar do PLC 38/2017 questões que agridem a Constituição Federal.

O presidente da Anamatra, Guilherme Feliciano, participou na última terça (27/6), na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, de audiência pública para debater o PLC nº 38/2017, que dispõe sobre a reforma trabalhista.

Em sua intervenção, o magistrado afirmou que o projeto é injusto e inconstitucional e que é necessário mais tempo para reconhecer e retirar do texto diversas inconstitucionalidade nele presentes.

Sem isso, com o açodamento, o que teremos é um texto inconstitucional nas mãos de juízes, advogados e procuradores, disse.

Feliciano fez referência à nota técnica apresentada pela Anamatra em parceria com as outras entidades, cujo teor embasou voto em separado protocolizado pelo senador Paulo Paim (PT-SP), que aponta as inconstitucionalidades formais e materiais que viciam o projeto.

Na nota, as entidades afirmam que o PLC fere de morte direitos e garantias dos trabalhadores brasileiros assegurados na Constituição Federal, inclusive com a criação de obstáculos de acesso à justiça pelo trabalhador que tem seus direitos descumpridos e/ou sonegados.

Entre os problemas do projeto citados por Feliciano na audiência estão a agressão ao princípio da isonomia e do livre convencimento motivado do juiz e a prevalência do negociado sobre o legislado com a previsão de flexibilização do Direito do Trabalho, fazendo com que a condição do trabalhador abrangido por aquele acordo ou convenção seja piorada em relação a lei. Trata-se de uma possibilidade que não está autorizada pela Constituição, que prevê a alteração apenas para a melhoria da condição social, disse.

O magistrado também atacou duramente as alterações previstas no projeto quanto a questão da saúde e segurança no trabalho. Nesse sentido, Feliciano criticou o fato de a proposta não tratar questões relacionas à jornada e intervalo no escopo da saúde e segurança. O projeto retrocede 200 anos. Isso não é modernização.

Negociação individual - Feliciano criticou ainda previsão do PLC de negociação individual com o trabalhador, sem a intermediação dos sindicatos.

Basta que o trabalhador autorize, a qualquer momento do contrato de trabalho, e estará sujeito a uma jornada de 12 horas, por exemplo, embora a Constituição diga que o limite máximo é de 8 horas e a CLT diga que mesmo a prorrogação não pode ultrapassar 10 horas exemplificou.

Outra preocupação apontada pelo presidente da Anamatra foi a criação da figura do trabalhador hipersuficiente, que recebe mais de R$ 11 mil, que poderá negociar sobre a flexibilização de diversos direitos, independente da intervenção do sindicato.

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região

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43 Comentários

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Advogo há 20 anos e na maior parte trabalhista. Se o projeto realmente será bom ou ruim o tempo dirá. O problema é que do jeito que está também não dá para ficar. Sindicatos com poder demais. Juízes do trabalho que praticamente legislam justificando praticamente qualquer coisa que queiram para fazer o processo dar no resultado que querem. Falta de súmulas de fato vinculantes para obrigar decisões iguais para casos iguais. Uma estrutura judicial mais cara do que o resultado que traz. Falta responsabilizar o trabalhador por pedidos estapafúrdios nos processos, exageros e mentiras. Enfim, o sistema de emprego e trabalho também não evolui nunca, parece só feito de direitos e nenhuma obrigação. É estanho. Precisa mudar. Espero que mude para melhor. continuar lendo

Excelente a explanação do Dr Carlos Wanderley. A área trabalhista é uma "terra de ninguém".
Custos e tributos elevadíssimos tanto para empresa quanto para o funcionário;
Sindicatos na maioria das vezes inertes e lotados de "parasitas" que levam a vida ganhando em cima de quem realmente produz e trabalha para o bem do país;
Juízes que se consideram verdadeiros "deuses";
Empresas que fazem "mil e uma" manobras para pagar menos impostos e para pagar menos aos seus funcionários e, claro, funcionários e advogados desonestos e mal intencionados com pedidos e mentiras absurdas em processos trabalhistas.
Enfim, torna-se NECESSÁRIA uma mudança. continuar lendo

Medo de perder a boquinha ? continuar lendo

Cargo de Magistrado é vitalício. continuar lendo

Caro defensor dos "direitos históricos" .

Há falta de empresas, logo faltam empregos...
Excesso de mão de obra faz com que o empregador tenha sobreposta força sobre o empregado.

O fato de não existirem empresas empregando se da ao excesso de tributo, CLT, direitos trabalhistas e intervenção estatal na forma como a empresa gere seu RH.

Maior número de direitos.... Menor número de empregos... Logo maior força para empresas ...menores salários.....
Ainda vai continuar cm CLT? continuar lendo

Caro colega Gabriel, o segredo entre o veneno e o antídoto está na dosagem!

Poderia discorrer uma monografia para demonstrar que teremos mais a perder do que a ganhar, mas acredito que o parágrafo acima demonstra bem o que se deve pensar quando o assunto é "reforma", principalmente se tratando da trabalhista.

Ressalto que não sou contra a reforma, mas deve-se sempre analisar o meio.

att. continuar lendo

Temos exemplos demasiado de locais onde a dose de liberdade econômica foi altíssima (comparado a carta de Mussolini -CLT) e o resultado foi extraordinário.
Cito aí os tigres asiáticos, Singapura, EUA e outros países pobres que experimentaram liberdade econômica.

O Brasil eh dose zero e tá morrendo. continuar lendo

Brasil representa 3% da força de trabalho e detém 40% dos processos trabalhistas do mundo.
Assim, quando entidades desta natureza classificam como injusta eu apoio a reforma. continuar lendo

Interessante é ver alguma "defender" a reforma, e nem sequer, apresentar números, argumentos, qualquer base para tal. Defender por defender, sem isso, o debate será frágil demais. Tenho mais números/fontes, vai, por enquanto, este: http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2017/04/terceirizacao-tendeaaumentar-numero-de-acidentes-de-trabalho-diz-mpt. Refute-o. Com relações a teus argumentos, nem há necessidade de qualquer refutação! continuar lendo

Segundo Cássio Casagrande:

"Vamos aos fatos, mas antes de mais nada precisamos descobrir o seguinte: de onde afinal saiu este número irreal de 75 mil ações trabalhista nos EUA? Se o leitor digitar em um buscador da internet “75 mil ações trabalhistas”, encontrará uma profusão de sites noticiosos brasileiros repetindo a mesma ladainha sobre a litigiosidade laboral nos EUA. Mas, coisa curiosa, nenhum, absolutamente nenhum, cita a fonte.

Com a ajuda do google, constatei que a menção mais antiga existente sobre as tais 75 mil ações anuais trabalhistas americanas é a de um artigo de José Pastore, publicado no longínquo ano de 1999 (há quase vinte anos) na imprensa. Para quem não o conhece, José Pastore é um professor da USP, sociólogo especialista em relações do trabalho e consultor da Confederação Nacional da Indústria. É um defensor vigoroso da desregulação do mercado de trabalho e dos interesses do patronato em matéria trabalhista."

(Cássio Casagrande - Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba, com especialização em Direito do Trabalho; mestre em Relações Internacionais pela PUC-Rio; Doutor em Ciência Política pelo IUPERJ; Professor de Teoria da Constituição da graduação e mestrado (PPGDC) da Universidade Federal Fluminense – UFF, no qual ministra curso de Direito Constitucional Comparado Brasil-EUA. Procurador do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro desde 1996. )

https://jota.info/artigos/brasil-campeao-de-acoes-trabalhistas-25062017 continuar lendo